sábado, 5 de junho de 2010

pág. 20

Querido Príncipe,
hoje dormimos de costas voltadas e deixámos o fósforo arder no sentido contrário. Não houve brilhos cintilantes nos sapatos de cristal e os nosso olhos afundaram-se nos ecos que a noite nos ofereceu. Fomos básicos e humanos, e deixámos a nossa cabeça perder-se num formigueiro de pensamentos aguçados. Não me permiti aproximar para que não fosse um abraço encenado. Acima de tudo devo-me respeito e quero que compreendas. As ilusões são diferentes daquilo que eu vi e foi a pior maneira de te ver: no mesmo sítio, numa noite igual, da mesma forma. Partiste-me o sapatinho de cristal e eu espero, sinceramente, que apareça uma fada madrinha que o reconstrua, mesmo que numa forma diferente. Espero que a tua corte te consiga fazer o mesmo.

Com muitas saudades tuas,
Cinderela



1m 3s 6d 10h39

1 comentário:

  1. Não fui príncipe nem sequer real. Fui o mais fácil que sabia ser sem o ser em mim antes do sapato quebrar. As minhas fadas madrinhas não têm poder para consertar a fissura que ajudei fazer no sapato. Mas a minha fada madrinha da conversa do relógio que não pára concorda em ser eu o único capaz de te mostrar um novo sapato, com o mesmo brilho, mas com um molde real que te faça ver que fibra se fabrica no meu reino e tu o calces e me digas se o gostas de levar contigo.. Mas com o mesmo brilho e um encanto renovado também nos momentos em que não há encanto.

    Suspirando pelo momento em que te vir sorrir para mim no leito real como o da penúltima noite e ouvir-te como te ouvi perante os teus jardins de cristal,

    com muitas saudades o Príncipe

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